quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Eutanásia

A Morte Por Cima[1]

            “Dê-me esperança, me mantenha são, me dê infinita permissão para permanecer”
            “Diga-me onde fico! O que você prevê? De um jeito ou de outro, Me dê sua decisão agora!”
           
            A eutanásia, palavra de origem grega que tem como significado boa morte, de simples talvez tenha só o nome, afinal é um dos maiores pilares de discussão não apenas do direito brasileiro, mas um tema que é discutido na sociedade, na cultura e nas religiões de todo o planeta Terra.
            Consiste basicamente em dar fim ao sofrimento de um indivíduo que é mantido vivo apenas por aparelhos ou medicamentos, quando se verifica que a doença é incurável, ou um coma demasiadamente complexo.
            Embora seja usado por muitos, o termo de suicídio assistido, está errado na fonte, uma vez que ao vasculhar o mundo do direito vemos que um suicídio deve ser feito pelo próprio indivíduo, ou seja, para ser considerada como suicídio assistido, esta morte teria de no máximo ser auxiliado por profissionais. Uma vez que um aparelho for desligado ou um medicamento controlado cortado, no direito brasileiro, estamos diante de um homicídio assistido.
            Antes de detalharmos melhor o assunto, é preciso diferenciar a eutanásia da ortotanásia e da distanásia, sendo a ortotanásia uma possibilidade de o indivíduo continuar ou não com o uso de medicamentos para uma doença incurável como um câncer terminal. Já a distanásia seria o extremo oposto da eutanásia, onde serão usados todos os meios disponíveis para “amarrá-lo a vida”, ou mais precisamente, utilizar todos os meios possíveis para manter este indivíduo vivo, cause ou não seu sofrimento de forma extremamente penosa.



MAIORES ARGUMENTOS
            Como todos os assuntos polêmicos têm grandes ideias contra e a favor, além de suas exímias singularidades, discorreremos pelos pontos defendidos por um número de pessoas.
            Iniciando pelo ponto de vista das pessoas que são a favor a eutanásia.
            Os maiores argumentos baseiam-se em não manter um sofrimento desnecessário a uma pessoa, muitas vezes um familiar ou um amigo querido, por um tempo indeterminado, o que irá além de causar um sofrimento infinitamente mais cruel, alimentar uma esperança na família de algo impossível.
            Esses argumentadores nos transmitem uma ideia que em uma situação complexa dessas, o indivíduo teria de ter seu direito ao não sofrimento, seu direito de comprar um bilhete de ida ao além, sem sofrimentos ainda maiores respeitado.
            Ou seja, seu direito não é o de se abster da vida, mas de não sofrer mais, deve prevalecer sobre qualquer ideologia de uma sociedade que já esta aquém do seu tempo de existência.
            Um fato que soa com tamanha perplexidade, é o de estar preso em seu próprio corpo, um dos vídeos mais marcantes sobre isso é o videoclipe da música One da banda estadunidense Metallica, que mostra um jovem que é atingido na guerra e perde todos os seus sentidos, e sem qualquer forma de se comunicar, implora por sua morte, preso em seu próprio corpo.
“Campo Minado
Tomou minha vista
Tomado meu discurso
Tomado minha audição
Tomado meus braços
Tirada minhas pernas
Tomado minha alma
Deixou-me com vida no inferno
Oh Deus me ajude!
Segure minha respiração enquanto eu desejo a morte.” –  One – Metallica
            Um caso concreto que tivemos recentemente foi a opção da família do piloto de Fórmula Um Jules Bianchi, abandonar os tratamentos do garoto após seu grave acidente nas pistas.
            No Direito brasileiro temos o art. 1º, III, da Constituição Federal, que reconhece a "dignidade da pessoa humana" como fundamento do Estado Democrático de Direito, bem como o art. 5º, III que expressa que "ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante".
            Na parte contrária, temos argumentos da mesma forma impactantes e de reflexão extrema.
            O problema é que a maioria esmagadora dos contrários entram no quesito religião, assim sendo vemos opiniões que dizem que Deus é o único detentor do direito de dar o Stop na vida humana.
            Uma vez que se permita a eutanásia estaremos usurpando o direito de Deus, único e exclusivamente “competente para tal matéria”.
            Santo Agostinho usou a frase de que nunca é lícito em qualquer que seja a situação ou motivo, matar o outro, ainda que este o peça.
            O maior argumento contrário, se tratando de questões de direto é de que o Código Penal embora não condene expressamente a eutanásia, veta qualquer forma de extinção da vida humana.
            A eutanásia vai bem além da nossa era contemporânea, ela acompanhou a evolução da raça humana, passando por todas as grandes eras, como culturas Celtas e outros povos primitivos, além de profundamente discutida por Sócrates e outros grandes filósofos gregos.
            Muita expectativa se tem, de que um futuro código penal possa detalhar mais precisamente o assunto, e até estipular casos que seja permitido legalmente.


A EUTANÁSIA PELO MUNDO
            A eutanásia pelo mundo é um assunto tão delicado quanto aqui no Brasil.
            Os países mais liberais como a Holanda (talvez o país mais liberal do globo), a Bélgica, a Áustria e a Suíça, além dos estados de Oregon e Califórnia (o estado americano mais liberal) nos Estados Unidos, decidiram por liberar a eutanásia. Destaca-se que muitos outros temas complexos como a legalização da maconha e o aborto, por exemplo, já foram liberados nestes locais.
            Nos Estados Unidos para poder ser permitido, deve existir um testamento, chamado de Living Will, que basicamente vai dizer que em caso extremo e possivelmente irreversível, não se deve dar segmento ao tratamento, versando acima de tudo “morrer com dignidade”.
            Para o diagnóstico ser considerado válido tem de ter prévia aprovação de 2 médicos, entrando em vigor 2 semanas depois, sendo válido por 5 anos (como uma espécie de passaporte para a morte).
            A Holanda liberou precisamente a Eutanásia (além de liberar o “baseado” e o sexo exposto nas praças) no ano de 2000, sendo que haviam casos documentados desde 1950.
            Os médicos, porém devem observar minuciosamente o paciente durante os dias mais cruciais de sua vida.
             Em 2002 a Bélgica se tornou o segundo país do mundo a ter a eutanásia liberada em todo seu território.
            Os médicos belgas (repito os médicos, apenas os médicos) podem requisitar um kit morte com utensílios como um relaxante muscular e um guia macabro de como atingir os resultados. Nesse ponto lamento profundamente não ser na Romênia para alimentar as lendas Draconianas[2].
            Na suíça existe uma associação chamada de “Exit” para acompanhar todo o procedimento e inacreditavelmente dar cuidado ao doente.
            Deixando as peculiaridades de lado e voltando ao tema, são apenas exceções os locais que são permitidos. Prevalece sua proibição principalmente por questões religiosas.


OPINIÕES DIVERSAS SOBRE A EUTANÁSIA
            Basicamente, por mais que se diga deixar o doente decidir sobre o seu destino, segundo vários estudos médicos ao longo dos tempos, em determinado nível de dor ou de determinados tipos de doença, é impossível a pessoa ter um total controle mental para dizer o que quer ou o que não quer.
            A religião mais uma vez aparece à tona, dizendo que o indivíduo muitas vezes precisa passar por esse processo, ou seja, não podemos intervir de forma alguma.
            Em relação às famílias, as opiniões são sempre a mesma, quando veem uma pessoa aleatória tendem a não ter uma opinião formada, mas uma vez que esta pessoa é um familiar próximo, são poucas as famílias que não tentam lutar para salvar até o fim, mesmo que tudo indique ser uma reversão impossível, estas ainda preferem acreditar em um milagre.
            Para finalizar esse tópico conversando muito brevemente com alguns profissionais da área da saúde, observamos serem mais adeptos a Ortotanásia do que a Eutanásia.
SERIA LEGAL?
          Sim e não, como a maioria das questões polêmicas em nosso direito e sociedade.
          Vai depender de como quisermos interpretar as normas. Se partirmos pelas primícias de que o direito a vida vai prevalecer em qualquer hipótese, não há de se falar em eutanásia.
            Mas por mais que seja uma questão um pilar do direito é impossível não haver um embate entre princípios, quando se opõe ao direito a vida, as questões de dignidade e direito a não ter um tratamento humano degradante, a questão muda totalmente, já nos permitindo discutir a eutanásia.
            Melhor explicando, há bases legais tanto para permitir quando para proibir.
Segue abaixo os artigos que poderiam dar base para uma permissão da eutanásia.
Na Constituição temos:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (…)
III - a dignidade da pessoa humana.
Art. 5º (artigo que trata dos direitos fundamentais individuais)
III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante.
Além do Código Civil:
Art. 15.
            Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de morte, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.





BÔNUS: O PROJETO SOBRE EUTANÁSIA MAIS ESQUISITO DE TODOS OS TEMPOS

Eutanasia


            Os Próximos trechos foram copiados na íntegra do site Hype Science, do artigo “Montanha Russa- Eutanásia” escrito pela autora Natasha Romanzoti.
            Se você andar nessa montanha-russa, será sua condenação à morte. A invenção do engenheiro lituano Julijonas Urbonas, a “Euthanasia Coaster”, nunca foi criada, mas poderia ser realidade.
            Por enquanto, só existe um protótipo desse passeio de diversões com a emoção final: a própria morte.
            Eutanásia é a prática na qual você pode decidir pelo fim de sua vida (se você for um doente terminal, por exemplo) de maneira controlada e assistida. Sim, se montar nessa montanha-russa, você morre.
             O que poderia ser mais assustador do que isso – um passeio que dura 3 minutos, os dois primeiros dos quais são gastos lentamente subindo uma ladeira muito íngreme. Uma vez no topo, você ainda tem uma chance de fazer a decisão final de sua vida: viver ou morrer.
            Se escolher a última opção, você cairá em alta velocidade e, em seguida, viajará através de uma rápida sucessão de loops.
            O movimento de rotação cria uma força centrífuga que faz com que todo o sangue corra para longe do cérebro, e oxigênio insuficiente acabaria por levar à morte.
            O inventor passou sua infância trabalhando em parques de diversões. Ele diz que seu projeto faz parte de um campo de estudo chamado Estética Gravitacional. A ideia por trás desta montanha-russa é “tirar a vida de uma pessoa humanamente, com elegância e euforia”.
            A pessoa seria levada por uma série de experiências únicas que vão da euforia à emoção, visão em túnel e, em seguida, perda de consciência, antes de finalmente sucumbir às garras da morte.
            Embora alguns possam considerar essa a melhor forma de ir, organizações antieutanásia dizem que a montanha-russa, se implementada, poderiam ser facilmente abusada. De acordo com Peter Saunders, “pessoas vulneráveis – enfermos, idosos, deficientes ou depressivos – poderiam se sentir sob pressão seja real ou imaginária, para pedir uma morte precoce”.


CONCLUSÃO
           Finais são sempre a parte mais difícil de um livro, artigo ou qualquer forma de escrita com conteúdo. Qualquer pessoa começa a escrever algo, mesmo crianças que ainda mal sabem escrever começam a esboçar um pequeno conto. A dificuldade está nos finais, com um final ruim você pode matar toda a sua ideia e o desenvolvimento de sua proposta.
          Às vezes os finais não vão agradar, é o ponto mais delicado, em que um detalhe vai ser crucial para te destinar ao Olimpo ou ao submundo. É muito difícil finalizar um artigo, chega a ser até injusto tal tarefa, mas não pode ser evitada, finais são para os fortes.
          Se o final de um simples artigo é assim tão difícil, imagine por um instante o final de uma vida!
       A morte sempre foi à questão mais complexa de nossa existência, digno de debates intensos e frases memoráveis das maiores mentes que já passaram pela história.
        Não há como se olhar para a eutanásia como algo simples, pelo simples motivo de que não é nada simples.
     Ainda na fase de desenvolvimento sabíamos da dificuldade que seria chegar à conclusão do tema, quando entre o próprio grupo tínhamos uma boa divergência de opiniões.
         Fernando e Leandro têm uma opinião que se divergem bastante, um com uma visão mais aberta de jovem estudante que sonha com carreiras polêmicas e bem ostensivas, por mais que tenha resguardado o seu lado humano, expões os pontos positivos, como a economia ao estado que às vezes gasta uma fortuna em tratamentos que infelizmente só vão adiar uma morte certa. O outro mais velho e já aposentado em uma carreira que se destinava a salvar pessoas em situações que levavam a crer serem impossíveis se mostra totalmente contrário a Eutanásia.
          Basicamente sempre haverá um lado que exporá as razões e um as emoções.
         Para finalizar discorremos um último caso, o da estadunidense Brittany Maynard, de 29 anos, diagnosticada com um câncer terminal.
          Ao bom estilo “Nicholas Spark[3]”, recém casada, Brittany descobriu que teria apenas mais seis meses de vida.
Eis que então decidiu “morrer com dignidade”, como costumava dizer.
           Resolveu aproveitar a vida ao extremo, viajar muito com seu marido, além de fundar a The Brittany Maynard Fund, uma organização que se destina a lutar pela legalização da eutanásia na terra do Tio Sam[4].
     Então ela planejou sua morte e no dia escolhido ela morreu livre de maiores complicações e com toda sua família apoiando sua decisão de abraçar a morte ainda com os olhos abertos. Por outro lado sua atitude foi considerada imperdoável por grande parte da sociedade.
Chegando ao fim concluímos o seguinte, a Eutanásia será para sempre um problema do nosso cotidiano, demonstremos quaisquer que sejam os argumentos e pelo menos por enquanto segue considerada extremamente antiética e ilegal em nosso país.
        É um assunto que irá dividir pessoas, culturas, países, costumes, religiões e costumes.




[1] Tradução da expressão Death From Above, que ficou famosa nos anos 80, principalmente depois do lançamento do filme Rocky IV, quando foi usada como apelido do personagem Ivan Drago, o vilão do filme.
[2] Relativo á Drácula, famoso vampiro da cultura da Romênia, localizada relativamente próxima à Bélgica.

[3]Famoso escritor de romances e dramas.

[4] Tio Sam é uma personificação nacional dos Estados Unidos da América



Por: Fernando Cesar D Mondadori 
Leandro Covati Martins
William Aparecido de Jesus Benedito

Referências Bibliográficas
  
A Eutanásia Pelo Mundo, Sites. Google. Disponível em: https://sites.google.com/site/eutanasiatematabu/a-eutanasia-pelo-mundo> Acesso em 04 de Outubro de 2015.

Ao menos 5 países permitem suicídio assistido ou eutanásia; veja quais são, G1.Disponível em:


MatheusMS,
Casos de Eutanásia e Dr.Morte. Disponível em: http://eutanasiaserrano.blogspot.com.br/2015/05/caso-de-eutanasia-e-drmorte.html Acesso em 04 de Outubro de 2015. 

Romanzoti, Natasha, Montanha Russa Eutanásia: o ultimo passeio da sua vida. HypeScience.  Disponível em:
<http://hypescience.com/montanha-russa-eutanasia-o-ultimo-passeio-da-sua-vida/> Acesso em 04 de Outubro de 2015.



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